O BEIJO DE DEUS

O BEIJO DE DEUS

De: William Vicente Borges

Sinto muito por tudo o que disse, não queria magoa-lo. Mas como não dizer, já não aguentava mais viver assim com aquela máscara de esposa feliz.

            Não sei o que passou na minha cabeça quando disse que casaria com você, mas era tudo tão diferente.

 Você  me dizia palavras bonitas, me mandava flores e me escrevia cartas apaixonadas, e que mulher resistiria. Era tudo lindo demais. Um verdadeiro conto de fadas. Eu a sua princesa  e você meu príncipe encantado.

            Ainda posso ouvir as mil  e uma juras de amor nos encontros na praça, a figura do seu rosto me buscando na escola, aquele semblante cheio de ternura, minhas amigas se derretiam todas, e eu explodia de orgulho. O homem de minha vida.

            Quando me pediu em casamento, nem acreditei, fiquei no mundo da lua por uma semana, tantos planos, tantos sonhos. Meu príncipe.

                        Forte.

                        Educado.

                        E  Poeta.

            Quantas boas lembranças, os sorvetes, o passeio de “pedalim” na lagoa, os jantares no restaurante preferido, tudo lembranças, depois que casamos o sorvete derreteu, o pedalim afundou, o restaurante fechou e meu príncipe virou meu sapo.

           

            Gordo.

            Grosso.

            E monossilábico.

            Mas estou com esperança que um beijo mude você de novo, e que meu príncipe renasça e faça novamente com que eu me sinta uma princesa. Mas sabe não é um beijo meu, mas já orei para que este beijo venha dos céus, sim, um beijo de Deus. Pois apesar de tudo não consigo deixar de amar você.