quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

FOI SEM QUERER



Foi sem querer


Foi sem querer que descobri a felicidade, e ela tem nome, cor, jeito, tem corpo, fala, riso, tem tudo o que eu sempre quis e mais um pouco. Tem candura e acima de tudo tem o desejo intenso de me fazer feliz também. Ah que descoberta maravilhosa foi essa. Como me senti melhor, como me senti mais homem, mais vivo, mais poeta, mais poderoso, mais tudo. A felicidade tem nome, nome de pessoa, nome de mulher, mulher como nenhuma outra mulher, que nasceu me procurando pelas tristezas da vida, pelas incertezas dos caminhos obscuros da solidão, que me procurou pelos labirintos dos devaneios mais absurdos, mas mulher que também teve que viver acorrentada a uma realidade cruel, sem pena que a corroeu durante anos aprisionando-a num mundo tão medíocre onde só um possuía, só um usufruía, só um podia, num mundo onde não havia troca, onde não havia saída, ou será que houve uma entrada? Não, não houve ela foi jogada pelas falácias do destino neste labirinto escuro onde nunca pôde enxergar uma luz sequer. A felicidade tem cor de afeto, cor de paixão, cor de coração, cor de vergonha também, vergonha por ter sido um objeto sem valor durante tanto tempo, mas não tinha do que se envergonhar, para que? Ela tinha uma missão e a cumpriu como ninguém, a cumpriu com maestria a todos fez feliz mesmo que isto tenha lhe custado a sua própria vida. Ah que mais diria desta cor senão que é cor de coragem, a coragem demonstrada pelo passar dos anos, enfrentando tudo calada, mas não mascarada, a fim de proteger todos que amava em volta. Ninguém nunca viu, nunca percebeu, nunca se deu conta de tanta força, e nem ela própria se achando a menor de todas foste sempre a maior, se achando a mais fraca foi sempre a mais forte e impoluta. A felicidade tem jeito, e jeito de menina, de mocinha linda, de menina de pés descalços que corre pela grama com vestido rodado sorrindo para a liberdade, posso enxergar de perto seus olhos brilhantes, na verdade ela toda brilha e como brilha. O brilho da esperança, da fé e da certeza que a acompanha de que os sonhos se realizam um dia por mais que demorem. Brinca no balanço e esquece de tudo, não há lágrimas, há apenas o céu e a terra, o balanço e a brincadeira. Como é bom ver seu rosto, ver sua mão no queixo posando para a foto da eternidade com um sorriso tímido mas magistral. A felicidade tem corpo, belo, pronto e incomparavelmente puro. Tem calor, tem presença, mas ao mesmo tempo não quer aparecer, se esconde adequadamente sobre os mantos da humildade. Quando anda demonstra agilidade, quando para, prontidão. Não é só corpo, é obra de arte. A felicidade tem fala, sua voz ecoa como voz de muitos pássaros, alivia a alma. É uma voz que enobrece mas ao mesmo entorpece. Fico completamente entorpecido, tonto de amor. Quero ouvi-la falar o tempo todo, toda hora, e mesmo que a fala seja mais dura, é ela que quero ouvir, o tempo todo quero o seu tom em meus ouvidos. Tom de ternura, tom de afago, o tom que muda drasticamente minha vida e me empurra para frente, o tom que me faz dançar sobre as nuvens. A felicidade ri, e como ri. E quando ri o sol brilha com mais alegria, a lua baila no céu, os pássaros se aglomeram e cantam como num coral, e eu me extasio, salto, corro, nem sei o que fazer, pois ela sorri para mim e mesmo quando sorri de mim, eu não me contenho, a minha alegria é tanta que chego a chorar, ri para mim felicidade. Ri de mim felicidade, não pára por favor, quero te ouvir sorrir pela manhã quando acordar ao meu lado, e a noite quando te cobrir do frio da noite. A felicidade é tudo o que sempre quis e ela finalmente me encontrou meio de pé, meio deitado, meio vivo, meio morto, mas me aceitou. Logo a mim poeta tão menor quanto o menor dos poemas. Felicidade me deixa ficar ao teu lado para sempre, quero cantar pra você, quero balança-la no balanço dos sonhos, quero enche-la dos ornamentos da suavidade. Nos encontramos na esquina da prosa com a rua da poesia e descobrimos que fomos feitos um para outro. E será que foi mesmo sem querer que a descobri?





William Vicente Borges

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